"Crucificação", 1428, obra de Tommaso Masaccio (1401-1428)
A um crucifixo
Há mil anos, bom
Cristo, ergueste os magros braços
E chamaste da cruz: há
Deus! e olhaste, ó crente,
O horizonte futuro e
viste, em tua mente,
Um alvor ideal banhar
esses espaços!
Porque morreu sem eco o
eco dos teus passos,
E de tua palavra (ó Verbo!)
o som fremente?
Morreste… ah! dorme em
paz! não volvas, que descrente
Arrojaras de novo à
campa os membros lassos…
Agora, como então, na
mesma terra erma,
A mesma humanidade é
sempre a mesma enferma,
Sob o mesmo ermo céu,
frio como um sudário…
E agora, como então,
viras o Mundo exangue
E ouviras perguntar: -de
que serviu o sangue
Com que regaste, ó
Cristo, as urzes do Calvário?-
in Os Sonetos Completos de Anthero de Quental, publicados por J. P.
Oliveira Martins, Livraria Portuense de Lopes & C.ª –Editores, Porto, 1890
Magnífico
ResponderEliminarDe uma magnífica pessoa...
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